domingo, 7 de junho de 2009

Num Bairro Moderno


«E eu, apesar do sol, examinei-a:
Pôs-se de pé, ressoam-lhe os tamancos;
E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
se ela se curva, esguedelhada, feia,
E pendurando os seus bracinhos brancos.
(...)
E pitoresca e audaz , na sua chita,
o peito erguido, os pulsos nas ilhargas,
Duma desgraça alegre que me incita,
Ela apregoa, magra, enfezadita,
As suas couves repolhudas, largas.
(...)»

Este poema de Cesário Verde é um exemplo perfeito da descrição detalhada que ele nos faz do mundo exterior e de todos os seus pormenores. Este poema aborda um dos temas preferidos de Cesário, a Mulher.
Se atentarmos na descrição desta personagem conseguimos imaginá-la, com todos os pormenores, desde a sua figura até à cena que a envolve, levantando-se e mais tarde apregoando os seus vegetais num bairro de Lisboa, tal como seria na época.
É esta descrição sincera que torna Cesário único.
Numa leitura completa do Poema podemos ver toda a cena, desde o criado da varanda até ao cesto de vegetais, que fez lembrar a Cesário, numa "visão de artista", um ser humano de proporções carnais.
Neste quadro, «Les repasseuses», não podemos ver a cena representada no poema. Mas, tal como a poesia de Cesário é um quadro realista que atenta nos pormenores.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Além de ser réplica poética do realismo irónico queirosiano(...)o realismo de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista(...)

O que nos permite denominar um Poeta como Realista é a sua percepção de todos os pormenores, o modo como se posiciona e nos descreve o mundo exterior.
O nosso Autor, tal como nas obras de Eça, transmite-nos a sociedade nua e crua mas opondo quase sempre a sociedade da cidade e do campo «com versos magistrais, salubres e sinceros».
Mas, a sua particularidade, é o facto de que aquilo que conta na sua poesia é a percepção que o leitor tem dos seus poemas, pois na poesia deste autor o importante não é o objecto mas sim o receptor da mensagem, e isto torna-o único .
É esta característica, esta percepção de pormenor que o autor tem que o torna autêntico e um autêntico Poeta Realista.
Mas, é também na «evocação alucinatória de um pormenor, na caracterização de uma cena» que se encontra toda a ironia de Cesário Verde.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Alexandre Herculano

Nascido em Lisboa a 28 de Março de 1810 e de origens humildes, Alexandre Herculano, foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. É também considerado, conjuntamente com Almeida Garret, o introdutor do Romantismo em Portugal.
Alexandre recebeu uma educação sólida de formação clássica, contudo, viu-se obrigado a desistir dos estudos na faculdade. Aprendeu várias línguas como Alemão, Inglês, Francês e Italiano de forma autodidacta.
A 21 de Agosto de 1831 participou na revolta de Regimento nº4 de Lisboa, contra o governo ditatorial de D. Miguel I.
Em 1837 foi convidado para desempenhar o papel de primeiro redactor da revista Panorama.
Em 1942 pública aquela que viria a ser considerada a maior obra do Romantismo Histórico de Portugal, do século XIX, Eurico, o presbítero.
Morreu em Vale de Lobos a 13 de Setembro de 1877, com 67 anos de vida.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Bernardim Ribeiro

Poeta e escritor português, Bernardim Ribeiro, foi um importante renascentista e ficou célebre com a sua novela " Saudades", mais conhecida por " Menina e Moça". Ficou conhecido, também, por introduzir o Bucolismo em Portugal.
A sua escrita caracteriza-se por ser estilizada e arcaica.
Os seus dados pessoais não são certos, contudo, pensa-se que tenha nascido por volta de 1842 em Torrão no Alentejo e quanto a sua data de morte esta é classificada como indefinida ou por volta de 1552.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Os Discursos Políticos e as Funções da Linguagem

Foi-nos solicitado em aula para identificarmos, num discurso político, as funções da linguagem e toda a sua estrutura.
Irei pegar num discurso político mais antigo, pois, muitos dos nossos caros e estimados políticos querem dizer muito mas não dizem nada. Ou, pelo menos não estão muito empenhados em dizer algo correcto e certeiro, mas sim, apenas algo para convencer, iludir ou tentar persuadir-nos, a nós o povo ("Zé Povinho").
Neste discurso, de tempos mais antigos, proferido por José Estevão sobre um qualquer problema de incompatibilidade nas leis consegui identificar todas as funções da linguagem. A função Informativa, a função Emotiva, a função Apelativa, a função Fática, a função Metalinguística e a função Poética
Deparo-me também com uma estrutura textual muito bem organizada. Com uma introdução breve onde apresenta o tema, um desenvolvimento onde nos apresenta argumentos para a incompatibilidade das leis e uma conclusão breve.
Poderiamos comparar este texto Ao Sermão de Santo António aos Peixes não fosse a escrita de Padre António Vieira incompararável, contudo, a nível de estrutura textual e de funções da linguagem são equitativos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os autores de referencia da retórica para o Padre Antonio Vieira


Os autores de referência da retórica para Padre António Vieira eram Aristóteles, Cícero e Quintiliano, fundamentalmente os processos que a escola ensinava.
É certo que as técnicas são comuns a quase todos os oradores da época, a forma de as pôr em prática, essa revela o gênio inconfundível de Vieira, o seu inigualável talento de arquitetar argumentos, explorar conceitos e de trabalhar as palavras.

domingo, 2 de novembro de 2008

«Primeiro Estranha-se, Depois Entranha-se»

E foi este o slogan que o nosso tão tipicamente português Fernando Pessoa criou para a tão típica e internacional Coca-Cola.
A venda de Coca-Cola em Portugal foi proibida até ao ano da revolução pois o Dr. Ricardo Jorge julgou que, na sua composição, a Coca-Cola continha cocaína e que o slogan de Fernando Pessoa comprovava isso mesmo.
Todo o português conhece esta frase «Primeiro Estranha-se. Depois Entranha-se» mas ao que parece agora as coisas mudaram um pouco, sendo que, agora primeiro entranha-se e só depois é que se estranha.